O que é preciso para trabalhar em startup?

Canary
5 min readMay 13, 2021

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por Gustavo Oliva, talent associate do Canary

Nos últimos anos, esta é a pergunta mais frequente nas minhas conversas. A resposta é complexa o suficiente para motivar meu primeiro artigo no LinkedIn, indo além dos clichês “espírito empreendedor”, “colocar a mão na massa” e “senso de responsabilidade e autonomia”.

Antes de endereçar a pergunta do título, no entanto, é preciso discutir uma questão de nomenclatura. Afinal, o que é uma startup? O termo vale tanto para nomear uma empresa que está recém-criada, em estágio pré-operacional, quanto para outra que já tem 2 mil funcionários, governança estruturada e se prepara para abrir capital. Além disso, cada startup possui sua própria cultura, de maneira que nem sempre a pessoa ideal para uma empresa se encaixará no ambiente de outra. Distinguir os diferentes estágios e características da jornada do empreendedorismo é crucial para entender qual o melhor match entre talentos e startups — e como nós, como investidores, podemos ajudar nesse processo.

Na fase inicial de construção das empresas, receber um investimento de venture capital é um sinal positivo na construção do negócio. Do ponto de vista de talentos, é algo que deveria ser convertido em atrair o interesse de mais profissionais dispostos a se juntar ao time. Afinal, uma empresa com investimento externo passa a ter tanto o valor validado de alguma forma quanto a possibilidade de usar esse valor como ferramenta de atração e retenção de talentos, utilizando-se de mecanismos como Stock Option Plans. Nesse estágio, a busca por experiências e habilidades complementares às dos fundadores aumenta a chance daquela equipe ser criativa, ter uma cultura colaborativa e ser capaz de executar os primeiros testes do produto com todos alinhados na mesma direção. Para quem pensa em empreender um dia ou deseja construir áreas, processos e times do zero, startups nesse estágio tendem a ser um bom match.

Esse time inicial, muitas vezes marcado pela versatilidade, é o que vai ajudar a empresa a ter validações de produto e mercado. São passos importantes, que constroem a base para que a startup receba novas rodadas de investimento, qualificando-se para uma fase exponencial de crescimento. Aí, surge outra dinâmica, que pede talentos diferentes: além do espírito de construção citado acima, habilidades específicas em áreas técnicas — como marketing, produto, tecnologia, design, vendas ou pessoas — se tornam super relevantes.

É um momento em que dois perfis costumam se juntar às empresas. Um é o grupo de pessoas dispostas a migrar de carreiras tradicionais (consultorias, grandes corporações, bancos de investimento) para startups. Outro, o de profissionais que já participaram de ciclos semelhantes em outras empresas inovadoras e agora buscam repetir a dose, algo que começa a se fortalecer no Brasil. E há, aqui, uma questão relevante: enquanto os EUA estão perto de alcançar seu vigésimo ciclo de empresas VC-backed, o Brasil está hoje entrando no terceiro ou quarto ciclo no setor. A cada ciclo, mais pessoas se desenvolvem tecnicamente e também conhecem a dinâmica de cada etapa do crescimento. Além disso, conforme o ecossistema floresce no Brasil, construímos nossas respostas do que é ter uma carreira em startups, sem adotar modelos externos de maneira integral.

Quando me juntei ao time do Canary em janeiro de 2020, foram fatores como esses que me atraíram bastante. Destaco aqui três pontos em especial. O primeiro era a possibilidade de ajudar as empresas investidas a criarem todas as condições a fim de atrair os talentos certos para cada fase de crescimento. O segundo era reduzir a assimetria de informação no relacionamento entre pessoas e companhias, alinhando os dois lados. Também me interessou a possibilidade de habilitar a ampla rede de conexões do Canary a virar um hub que pode ser acessado constantemente, em diferentes momentos no tempo. Como firma de venture capital, sabemos que nos cercar de pessoas boas é vital: sem elas, as empresas não crescem e os investimentos não têm retorno, deixando o ciclo incapaz de se fechar. Você já deve ter ouvido o lema por aí: don’t fly solo.

Uma forma de lidar com isso seria criar algo puramente relacional. Como uma firma de venture capital, entendemos que relacionamentos são algo de longo prazo: o talento de hoje pode ser a/o founder, operador(a), investidor(a) ou advisor de amanhã. Mas como acessar o maior número de pessoas que, hoje, possam se encaixar nas empresas do portfólio, dado que o tempo é uma grandeza finita?

É aí que entram os dados e o reconhecimento de padrões. A partir de informações públicas, hoje conseguimos mapear e entender trajetórias, conhecimentos e habilidades dos melhores profissionais. Com isso, tentamos prever quando eles fecharão uma fase profissional e desejarão começar outra. Assim, conseguimos ajudar pessoas a descobrirem novos caminhos para suas carreiras, estejam elas já trabalhando em startups ou ainda em outras companhias, sem enxergar as startups como uma rota viável. Os dados também nos ajudam a encontrar talentos que estariam fora do nosso radar se olhássemos para a área apenas de forma relacional. Com o tempo e apoio das empresas investidas, conseguimos multiplicar esses esforços, de maneira quase desproporcional. Alguns números mostram bem o que queremos dizer:

  • Mais de 5,2 mil pessoas mapeadas
  • Mais de 350 intros para empresas investidas
  • Mais de 40 pessoas contratadas a partir de intros do Canary (de analistas a C-Levels!)
  • Mais de 20 heads e C-Levels contratados com intros do Canary

Por trás dos números, porém, estão pessoas e as transformações que elas são capazes de fazer em suas vidas e na sociedade. Cada uma delas tem uma própria resposta para a pergunta do título, em um trabalho complexo e contínuo, cujas chaves são construídas todos os dias. Aqui no Canary, tem sido uma honra ajudar nesse processo e um desafio descobrir como fazer mais pessoas voarem conosco. We don’t fly solo, either.

Se você está em descobrir a sua própria resposta para a pergunta do título ou quer conversar mais sobre, o canal está aberto no talents@canary.com.br.

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